
Nossa geração sofre inerte de uma síndrome maníaco-depressiva-social. Sentada num divã confortável, com uma mão na pipoca e outra no controle-remoto, tenta achar respostas em um dos 60 analistas à disposição. Ou 70 e poucos dependendo do seu pacote.
Não acha.
Nossa geração sofre diante de duas maçanetas que decoram uma mesma porta. Num “Reality Show”, esse sim real, de verdade, torce inocente para que os macaquinhos no auditório escolham o melhor prêmio. No fundo, sabe que não há um melhor.
Nem um prêmio.
Nossa geração sofre como um personagem daqueles filmes em que se dorme e acorda sempre no mesmo dia. Metalinguisticamente, observa passivamente à demissão do roteirista que existe – ou deveria existir - dentro de cada um de nós, e a delegação de plenos poderes a um diretor idiota que insiste em repetir uma cena por total falta de criatividade. Ou para agradar seus antigos produtores velhos de guerra.
Luz!(?) Câmera! Ação !(?)
Nossa geração sofre afogada em um aquário onde bóiam mentiras fétidas. Enclausurada pela densidade de discursos hipócritas, asfixiada por crenças cultivadas a ódio, paralisada de medo e pânico, tenta enxergar esperança além do horizonte refratado por toda essa podridão.
Não enxerga.
E também não enxerga a grande arma contemporânea. A arma que faz da vítima seu próprio algoz. Não enxerga que toda essa falsidade não está só nos outros, mas também ali, no reflexo do vidro. Nos próprios discursos, nas próprias crenças, no ato de se enganar dia-e-noite por medo. Por medo de sofrer ainda mais, por medo da verdade.
Silêncio...
Quando começa a reação?
A nossa?
A nossa não.
A minha. A sua reação.
Quando?

PS: Lembro-me das eleições americanas de 2004 como se fossem hoje.
Agora, você também pode escolher a sua maçaneta.