14 de junho de 2010

OLHOS NÚS OLHOS



Devo eu prefaciar uma lágrima?
Sim. Pergunto-me.
Não pelo desejo de uma resposta. Por puro exercício dialético.
Afinal, se há algo que eu me orgulho de ter perdido nessa vida foi medo. Um deles.
Medo de me despir diante de um mundo em compulsiva obsessão atrás desses porquês atenuadores.
Pro inferno com essa de tornar o momento em algo menor. Pro inferno.
Perdi esse medo. Há tempos.
E perdi aqui. Nos prefácios que começaram vir à tona para me salvar.
Não. Não da morte.
De uma vida morta.

Devo eu prefaciar uma lágrima?
Sempre.
Do contrário, jogo no lixo da covardia, na cova da preguiça, mais um ensejo da minha existência.
Estúpida negligência. Estúpida.
É nessa verbalizada via até o ponto final, que nossos reencontros são mais calorosos.
São verdade escancarada. Verdade encharcada. Porrada, aqui, bem no meio da minha alma.

Em cada marejada palavra refratada, eu vivo.
Morro. Renasço. Vivo.

Devo eu prefaciar uma lágrima?
Agora, ao menos, essa.

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